BRIGA DE TRÂNSITO: RESTITUIÇÃO COM PROVAS DA DEFESA DE AUTOR DE DISPARO QUE CAUSOU UMA MORTE PODE COMPROVAR A SUA INOCÊNCIA



Na versão do acusado Iago  de Oliveira, Ricardo (interpretado pelo investigador Marcelo Melo) foi até o seu veículo e o ofendeu com palavrões, o agrediu com dois socos, o ameaçou de morte e por fim segurou e puxou a arma acontecendo o disparo acidental. A cena foi vista por Vitória, mulher de Ricardo, que estava ao lado do marido, conforme ele garante e a defesa. Logo depois, Iago diz que pegou o celular no Land Rover e ligou nessa ordem à Polícia Militar,  Samu, pedindo ajuda ao ferido, e para o seu advogado


(Fotos Laércio Ribeiro)


                                          Ferramenta de remover rodas coberta por pano com sangue
                                                                 
(Foto Divulgação Advogados)

O direito de defesa, fundamental à toda pessoa, conforme o artigo 5º, no inciso LV, da Constituição Federal de 1988, portanto, na restituição que o delegado titular Francisco Del Poente, do 1º DP, no Parque Monte Líbano, foi dada a oportunidade  também para o acusado de tentativa de homicídio em briga de trânsito, na noite de 4 de abril, na rua Frederico Straube, na Vila Oliveira, para apresentar a sua versão do crime, sempre na companhia dos seus advogados Marcela Rolim e Odair Alves. O administrador Iago Alves de Oliveira, de 28 anos, já responde por homicídio doloso (com intenção) após a morte da vítima em 18 de abril no Hospital Luzia de Pinho Melo.

O titular Del Poente seguiu as explicações de Iago e dos seus defensores, assim como, o perito Hans Anwender, da Polícia Científica que disse ao Site Polícia em QAP que num prazo de 30 dias concluirá o laudo da restituição que é complexo por ter duas versões .”Fizemos a dinâmica do crime, passo a passo, houve um óbito”.

O administrador Iago mostrou a posição correta dos dois veículos, o que dirigia, um Land Rover Eveco  e o  Fiat Palio, ambos de cor preta, do outro motorista (o auxiliar de estoque Ricardo Ricardo de Oliveira Penha Soares, de 25 anos).

Contou que o seu veículo foi ‘fechado’ quase na esquina e foi obrigado a parar. Disse que “ele (Ricardo) veio na minha direção, chegou na janela e me xingou muito, até a minha mãe de F.D.P, falou que iria me matar”.

Iago lembrou que o seu filho, de 8 anos, assistiu quando Ricardo o agrediu. “Estava nervoso, me deu socos no rosto com as mãos direita e esquerda. Eu o mandei ficar calmo, não adiantou, e peguei a arma, para que parasse a violência. Na hora, que a apontei, o motorista segurou no cano e a puxou com as mãos, feriu até uma delas. Naquele instante, aconteceu um disparo que pegou de lado no seu pescoço”, lamentou o acusado.

A cena, conforme esclareceu, “foi assistida pela mulher de Ricardo (a técnica em enfermagem Vitória Gomes Fukushi, de 20 anos), pois quando o marido desceu do Fiat Palio, ela foi atrás, agarrada ao filho, de 5 meses”

Ferido, o auxiliar de estoque caiu na rua, perto do Land Rover. Vitória ficou assustada, mas logo se abaixou para socorrer Ricardo, pelo menos estancar o sangramento do pescoço. Uma mulher desconhecida que transitava pelo local, retirou do colo o filho do casal.

Iago de Oliveira ressaltou que ligou o seu veículo e avançou menos de um metro, desembarcou e virou-se depois para pegar o celular. “ Fiz três ligações, a primeira para a Polícia Militar, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e o terceiro para o meu advogado”.

PROVAS

Ainda na entrevista, Iago de Oliveira frisou que quando o rapaz caiu, ele chegou ver uma ferramenta que brilhava, mas não sabia na hora do que se tratava.

Os advogados Odair Alves e Marcela Rolim falaram que a Polícia apreendeu no banco traseiro do Fiat Palio uma chave de remover rodas de carros  envolta num pano com manchas de sangue. O tecido seria o mesmo que Vitória usou para estancar o sangue do marido.

Para os defensores, não foi contado a verdade para a Polícia. "Eu mandei fazer uma aproximação da filmagem gravada justamente no momento em que o motorista do Fiat chega na janela do Land Rover. Só dessa forma, comprovamos que ele agrediu o nosso cliente e tentou puxar a arma dele”, afirmou Marcela. “O Ricardo ficou com uma das mãos feridas, temos fotos disso”.

De acordo com o criminalista Odair Alves, “pedimos e conseguimos um levantamento de 15 câmeras existentes entorno do local do crime, aqui na Vila Oliveira, e não tem registro de nenhuma quase colisão do Land Rover, de Iago, no Fiat Palio. Não sabemos de onde a esposa de Ricardo saiu com essa história. O pior é que ela mencionou que o fato aconteceu a menos e um quarteirão daqui”.

Para finalizar, Odair Alves confirmou que “o nosso cliente foi solto pela Justiça, na audiência de custódia, no Fórum de Mogi, porque é trabalhador, tem residência fixa e não possui antecedentes criminais”.

Os defensores também esclareceram que Iago Oliveira há dois anos é atirador e a pistola automática, de calibre 380, é regularizada. “O estatuto do desarmamento permite que o atirador tenha porte de trânsito, ou seja, ele pode levar a arma de sua casa até o clube de tiros, sem problemas, E naquele domingo, ele estava a caminho de um clube quando tudo aconteceu”.

ABALO

O administrador financeiro Iago de Oliveira garantiu que está abalado com  a situação.  “Eu e o meu filho estamos passando por consultas com psicólogos, ele  vive chorando”, finalizou.

MEDIDAS

O delegado titular Francisco Del Poente adiantou que “ vou aguardar os laudos da Polícia Científica e da necropsia, do Instituto Médico Legal, sendo que serão anexados ao auto de prisão em flagrante, já elaborado no dia 4 de abril, na data da tentativa de homicídio. Os procedimentos conclusivos serão encaminhados à Justiça, ainda atendendo as requisições do Ministério Público, como a realização da reconstituição. O trabalho ocorreu de forma perfeita, dentro das normas legais”.