Para a delegada Raquel falta investimento do Governo
Uma quadrilha de assaltantes fortemente armada atacou três agências bancárias, na madrugada desta segunda-feira, dia 30, em Araçatuba, deixando saldo de 3 mortos, sendo dois moradores e um bandido, além de 5 feridos e elevado prejuízo. O bando ainda espalhou pânico na população.
A delegada Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, divulgou nesta tarde de segunda-feira, dia 30, artigo afirmando que a ação criminosa também agiu nos mesmos moldes no ano passado e nenhuma medida em termos de segurança foi adotada, portanto, garante que o episódio já era uma tragédia anunciada.
Eis o
artigo na íntegra da delegada Raquel:
“No dia 30
de julho de 2020, há pouco mais de um ano, criminosos transformaram Botucatu em
um cenário de guerra, com tiroteio, armamento pesado e reféns. Na ocasião alertei
que, sem empenho do Governo para equipar sua polícia investigativa, o interior
paulista viveria sob risco permanente.
Hoje, a
situação se repetiu em Araçatuba, onde criminosos dominaram a cidade e levaram
terror aos seus 200 mil habitantes com rajadas de metralhadoras e explosivos.
Um ano se passou e o Governo fez muito pouco para evitar essa nova ação
criminosa.
Entre as
ações de Botucatu e Araçatuba, o grupo criminoso agiu com mais tecnologia.
Nesta madrugada, eles usaram explosivos com sensores de movimento e drones com
câmeras para monitorar a movimentação da polícia.
Em um ano, o
investimento na Polícia Civil se limitou, basicamente, à troca de pouquíssimas
pistolas antigas por armas mais novas e a compra de algumas viaturas blindadas.
Muito pouco
para o Estado mais rico do País. Ficou provado mais uma vez que a segurança
pública não estava preparada para enfrentar os criminosos da forma como vieram.
Ficou demonstrado que o Estado não detinha as informações necessárias para se
antecipar à ação.
O governador
abriu mini Deics por todo o interior, jogada de marketing que não veio
acompanhada de nomeações e valorização salarial dos policiais. Uma prova de que
somente a mudança de nomenclatura da estrutura organizacional não gera
eficiência no combate ao crime organizado.
São Paulo
não equipa e não contrata aprovados em concurso para que a Polícia Civil tenha
condições de cumprir seu papel de polícia judiciária. Quando Doria assumiu como
governador, faltavam de 13 mil policiais civis em São Paulo. Hoje faltam quase
15 mil.
A prevenção
e repressão de crimes são tarefas do Estado. Das polícias civis e militares dos
estados. Este crime é o reflexo do completo abandono da segurança pública por
parte do governo paulista.
Crimes
semelhantes já ocorrem em Guararema, Araraquara e Santos. Como há um ano, a
resposta está em investir na estrutura de investigação da Polícia Civil e
valorizar os policiais com salário justo, para antever e evitar esses crimes.
A ação
precisa ser realizada com antecedência, por intermédio de investigação, para
monitorar a comunicação dos integrantes do crime organizado, conhecer
previamente o plano de ataque e efetuar as prisões antes do primeiro tiro.
Quando um
grupo coloca nas ruas 30 criminosos com armamento pesado, explosivos e uma ação
planejada, fica quase impossível que os policiais civis e militares que estão
trabalhando no plantão da madrugada consigam responder à altura.
A Polícia
Civil de São Paulo tem conhecimento técnico necessário para prevenir, mas sem
tecnologia, recursos humanos e remuneração condizente, um trabalho de
excelência é impossível.
Enquanto
medidas efetivas não forem tomadas pelo governador para investir na sua
polícia, fatos lamentáveis como os de hoje continuarão ocorrendo, levando medo
ao coração dos paulistas.
A Polícia
Civil do Estado de São Paulo sabe como prevenir e evitar. Basta agora que o
Governo do Estado invista na segurança da população”.